domingo, junho 05, 2005

PELA BLOGOSFERA

O professor Rogério Santos escreve no blog Indústrias Culturais sobre as jornadas dos "Dez Anos..."., destacando as palestras proferidas pelos convidados estrangeiros Rosental Calmon Alves e Ramón Salaverría. O post apresenta seis fotos.

Agradecemos ao professor e aos outros blogs/sites/jornais que têm citado o evento: Travessias Digitais, e-Periodistas, JornalismoPortoNet, Correio da Manhã, On-Off (1), On-Off (2), Idéias Digitais, Intermezzo , Nós Media, J&C, Jornalistas da Web, Braga.com.pt, Portal dos Jornalistas, Público.pt, Diário de Notícias(1), Diário de Notícias (2), Jornal Digital, Notícias Lusófonas, Observatório da Sociedade da Informação, Diário Económico, Aula de Jornalismo, Jornalismo Digital, Travessias Digitais, DSerenity, Diário Digital, Atrium, Observatório da Imprensa (1), O.I. (2).

sexta-feira, junho 03, 2005

VEJA COMO FOI

Leia o resumo das apresentações.

Veja a galeria de fotos.






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RESUMO DAS SESSÕES

  • Guimarães Rodrigues, Reitor da UMinho: O Reitor analisou a evolução da tecnologia e fez uma analogia com o jornalismo. Destacou que a comunicação é um dos veículos fundamentais para o desenvolvimento do conhecimento e disse que as jornadas deixarão uma pista sobre o que é a sociedade da informação e do conhecimento nesta nova era digital.
  • Moisés de Lemos Martins, Presidente do ICS e director do CECS: Moisés Martins destacou a importância da Internet que, segundo ele, está "no centro das relações de comunicação" . O professor aproveitou a oportunidade para anunciar o lançamento de um Mestrado de Comunicação Audivisual e Multimédia. O curso faz parte "do compromisso da Universidade com o futuro" e prevê uma integração entre Portugal, a Galiza e países lusofônicos como o Brasil.
  • Manuel Pinto, Coordenador do projecto Mediascópio: Lembrou que a iniciativa do seminário não é propor um debate sobre a morte e a salvação do jornalismo, mas promover uma forma de olhar interrogativamente para o hoje do jornalismo. Segundo ele é "uma tentativa de fazer luz sobre os sinais de mudanças de paradigmas". O professor anunciou oficialmente a criação na Universidade do Minho do Ciberlab, um grupo de pesquisa e formação em meios digitais.
  • Daniela Bertocchi, Mediascópio (Uminho): A jornalista apresentou o palestrante Rosental Calmon, destacando que ele uma referência no jornalismo brasileiro e um nome mundialmente conhecido no campo do jornalismo digital.
  • Rosental Calmon Alves Knight Chair in International Journalism na Universidade do Texas (Austin – EUA): "Não é hora de obter lucro com a Internet, é hora de investir". Para Rosental Calmon, em relação ao jornalismo tradicional, a Internet "é o meio de salvar o que possivelvente vai morrer ou vai se transformar numa coisa drástica". Ressaltou ainda o crescimento da banda larga e também da publicidade online. Para ele o caminho do futuro do jornalismo é ser multimédia. Disse que a revolução que vivemos hoje é comparável à criação de Gutenberg e que 10 anos ainda é pouco tempo para avaliar o tamanho dessa revolução.
  • Afirmou que o jornalismo que se está a criar ainda é uma criança, e que a morte lenta dos media tradicionais está no horizonte. "O jornal não é o mesmo de 10 anos atrás, a TV também não é a mesma, pois a Internet está mudando esses meios. A mídia está sendo caracterizada pelo «eucentrismo», as pessoas ouvem, vêem e lêem o que querem e quando querem". Rosental acredita que os media, nesse novo contexto, perdem o controle para sua audiência e perdem também o controle de mediação. Num conceito jornalístico, seria o fim do «gatekeeper».
  • Uma grande preocupação dele é que essa revolução está levando o dinheiro que mantinha as empresas jornalísticas para meios não necessariamente jornalísticos. Calmon diz que para sobreviver, os jornais devem levar a Internet a sério.
  • Rosental Calmon deixou um recado para os estudantes de jornalismo: "Explorem a capacidade de se adaptar às mudanças. Aproveitem para se formar aprendendo a aprender. Outra coisa essencial é perder o medo da tecnologia. O computador é fundamental na vida". Disse também que é importante manter os princípios básicos do jornalismo, pois são eles que norteiam a profissão.
  • Sobre o jornalismo especializado, o palestrante acredita que a Internet é um veículo de grande utilizade para esse fim, pois atinge diretamente o público interessado nas respectivas especialidades. A Internet possibilita um jornalismo de camadas, que permite um aprofundamento por parte do usuário. Seria uma espécie de jornalismo "diga-me mais sobre isso".
  • António Granado – Universidade de Coimbra: Granado lembrou que, para existir um jornal online, é preciso estar produzindo notícias de forma constante. Para isso é necessário um trabalho de equipa, que, para ele, será a base do ciberjornalismo. Quanto à formação académica, ele disse que é preciso formar especialistas que saibam olhar para o ecrã e enxergar ali uma possibilidade multimédia. Além disso um profissional, segundo ele, deve saber encontrar a informação, citá-la, saber separar o que é credível ou não.
  • Hélder Bastos – Universidade do Porto: Para Hélder Bastos o estudante de ciberjornalismo deve se orientar para um domínio cruzado e abrangente de diversos meios. Ele disse que o mercado jornalístico português subaproveita os profissionais especializados em jornalismo online, pois muitas vezes as exigências dos veículos de comunicação é pequena em relação ao domínio dos especialistas nessa área.
    Hélder constata também que é preciso ampliar os estudos de jornalismo digital em Portugal e também a formação de docentes.
  • João Canavilhas – Universidade da Beira Interior: Ele ressaltou que hoje alguns obstáculos impedem o desenvolvimento do jornalismo online. Entre eles, citou a falta de uma rede de banda larga eficiente, a falta de recursos humanos qualificados e a dificuldade de viabilização económica das publicações.
    Quanto à banda larga, Canavilhas acredita que o problema rapidamente será resolvido, com o próprio desenvolvimento da tecnologia. A viabilidade económica para ele poderá ser superada com o pagamento pelo conteúdo online. Já a formação de profissionais qualificados demandaria investimentos em investigação aplicada. Além disso, ele diz que deveriam ser estudados modelos económicos viabilizadores e também formas de ultrapassar a subvalorização do jornalismo na Internet.
  • Ao ser perguntado sobre como será a reportagem na Internet - se terá profundidade como uma grande reportagem, ou se ficará restrita à apresentação da notícia - Canavilhas respondeu que o conceito de informação digital é de informação curta, mas que essa mesma notícia pode evoluir até se tornar uma grande reportagem.
  • Xosé Lopez – Universidade de Santiago (Espanha): O professor fez uma explanação da realidade acadêmica em relação ao ensino do ciberjornalismo espanhol. Lembrou que o ensino do jornalismo online nas faculdades de ciências da comunicação da Espanha começou em 1996. Disse que é preciso investir cada vez mais na investigação aplicada, com a criação, por exemplo, de laboratórios de experimentação. Além disso, segundo o palestrante, deve-se buscar alianças entre as universidades e a sociedade civil.
  • Paulo Ferreira – Jornal de Notícias: O Jornal de Notícias foi o primeiro diário de Portugal a ter seu conteúdo na Internet. Isso aconteceu no dia 27 de julho de 1995. Na época a redacção começou com muitos profissionais. Atualmente é composta por uma equipa de 4 pessoas, sendo dois jornalistas e dois apoios. Hoje, conforme o palestrante, o JN Online já se auto-sustenta. Ele destacou que as áreas mais acessadas são as de desporto, grande Porto, sociedade e economia. Casos de crimes também têm um grande número de acessos. Como exemplo ele citou o caso Vanessa, que despertou o interesse de muitos usuários, que sempre procuram notícias complementares sobre o fato.
  • Filipe Rodrigues da Silva Diário Digital: Defendeu o acesso aberto ao conteúdo. Disse que é uma prática inerente à Internet. Também afirmou que a redacção precisou diminuir o número de profissionais, que já chegou a 86 e hoje é de 18 jornalistas. Lembrou que, apesar de nunca ter investido em publicidade, o site do Diário Digital recebe milhares de acessos. Para ele um grande desafio é achar receitas que viabilizem economicamente os sites jornalísticos. Fez uma crítica às empresas de comunicação, dizendo que muitas delas ainda não conhecem a potencialidade da Internet para a publicidade.
  • José Vítor Malheiros – Público: O editor disse que a lógica tecnológica transforma o trabalho jornalístico em industrial e, segundo ele, essa seria a lógica do jornalismo online. Para o palestrante é muito importante uma defesa do jornalismo digital dentro de padrões éticos que devem persistir. Ele afirmou que as notícias online são produzidas por jornalistas e que são esses profissionais os responsáveis em deixar o jornalismo digital menos pobre em termos de conteúdo. Em relação ao acesso pago às notícias na Internet, como acontece com o Público, Malheiros justificou dizendo que produzir jornalismo tem um alto custo que pode ser, em muitos casos, até anti-econômico.
  • Mário de Carvalho – Expresso: O Expresso surgiu na Internet em 1997 e, segundo o jornalista, surgiu pela lógica da concorrência do mercado. Em 98 e 99 a redacção online tinha cerca de 40 pessoas e um local de trabalho separado da redacção convencional. No entanto hoje tudo foi redimensionado, o número de jornalistas diminuiu drasticamente e redacção se transferiu para o mesmo espaço físico do jornal impresso. Além disso foi criado um departamento comercial para que o site pudesse ser comercializado.
  • Ressaltou que o Expresso Online é o único diário digital que possibilita uma interactividade com o leitor, que pode fazer comentários sobre as reportagens. Hoje o site recebe por dia aproximadamente 6 mil comentários.
  • Entre os projectos do jornal está o lançamento do site Expresso África, que envolverá profissionais de portugal e também do continente africano. O Expresso também está estudando o fenômeno dos blogs. Há uma idéia, ainda embrionária, de se criar um blog para promover a integração entre os usuários dentro de uma lógica do conteúdo jornalístico do site. O jornal já identificou, entre os que atualmente fazem comentários, usuários que poderiam ser convidados para participar do blog. O jornalista falou ainda que um caminho futuro poderá ser a personalização do conteúdo, já que hoje a grande maioria das notícias do Expresso Online são produzidas pela Agência Lusa.
  • Quanto à questão do acesso ao Expresso Online ser pago, Carvalho disse que a Internet tem custos e que o acesso pago é fundamental para garantir um trabalho de qualidade e de grande responsabilidade.
  • Helena Sousa, UMinho: Apresentou o palestrante Ramón Salaverría, destacando que ele é doutor em jornalismo, professor de jornalismo digital no Mestrado para Editores, em São Paulo - no Brasil, e em três cursos de pós-graduação na Espanha. Dirige também o Laboratório de Comunicação da Universidade de Navarra e é uma referência mundial nos estudos sobre jornalismo online. Coordena um grande projecto de investigação chamado "O impacto da Internet nos meios de comunicação da Espanha". Helena Sousa ressaltou dois livros escritos pelo palestrante que são referência: "Manual de Redacção Jornalística" e "Redacção jornalística de Internet". Afirmou que Salaverría tem uma imensa atividade como formador em cursos e seminários em várias partes do mundo.
  • Ramón Salaverría - Director do Laboratório de Comunicação Multimedia (MMLab) da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra (Espanha): Antes de iniciar, acrescentou à apresentação de Helena Sousa, em tom muito bem humorado, que é pai de uma filha de dois anos, "o que dá muito trabalho". O título da palestra de Salaverría foi “O Mundo Digital num Mundo em Constante Mudança”. Ele falou sobre o que pensavam as pessoas a respeito da Internet no início dos anos 90, o que ela é hoje e o que se pensa sobre o futuro da Internet.
  • Segundo apresentou, no passado dizia-se negativamente sobre a Internet que ela era só vírus, piratas e lixo. Diziam também que nenhum leitor trocaria o papel pelo ecrã. Já os optimistas afirmavam que a Internet era uma mina de ouro, que havia chegado a era do conhecimento, pois ela era um paraíso de informação circulante.
  • O que se percebe, segundo Salaverría – citando o professor Rosental Calmon Alves – é que a Internet possibilita a informação que se quer, onde se quer e como se quer. Disse que ela influenciou outros meios possibilitando a passagem de um sistema de duas dimensões para outro, de três dimensões, ou seja, que possibilita um aprofundamento. Além disso, a Internet permite um tráfego de notícias em nível mundial a um custo muito baixo.
  • O professor disse também que o que não se concretizou profudandamente foi a total interactividade entre os jornalistas e os usuários, o aproveitamento das possibilidades de arquivamento de informações e os processos de uma nova relação entre palavras e gráficos.
  • Para Ramón houve ainda efeitos inesperados, como a integração entre TV, imprensa e rádio, possível apenas na Internet, que possibilita também a transmissão simultânea. O mundo digital ainda causou uma crise na indústria dos jornais e levou a uma reflexão da classe jornalística sobre sua profissão, e os caminhos que ela está seguindo.
  • Para o futuro o palestrante acredita, entre outras coisas, no surgimento de um jornalismo participativo. Prevê ainda que todos os aspectos de negócio das empresas de comunicação, como o marketing e a publicidade, serão condicionados pela Internet.
  • Salaverría encerrou dizendo que o que estamos vivendo hoje não é uma revolução, mas sim uma evolução.

(Enviado por Sergio Denicoli)

quinta-feira, junho 02, 2005

REPERCUSSÃO

As jornadas são destaque na edição de hoje do Diário de Notícias. A jornalista Susana Pinheiro escreveu sobre a programação na reportagem "Especialistas mundiais debatem jornalismo digital". Já a jornalista Marina Almeida ouviu docentes e profissionais sobre os 10 anos de jornalismo digital em Portugal. Leia aqui o que eles disseram.

terça-feira, maio 31, 2005

ORIENTE-SE EM BRAGA

Os participantes das jornadas que quiserem aproveitar a oportunidade para conhecer Braga podem se orientar por meio de um mapa virtual, disponibilizado no site da Câmara Municipal. O endereço traz ainda informações históricas e turísticas da cidade. Lembramos também que aqui está online um mapa do campus de Gualtar, da Universidade do Minho, informando onde acontece o evento.

segunda-feira, maio 30, 2005

BAÚ DIGITAL

O jornalista Helder Bastos, um dos primeiros ciberjornalistas do cenário português, e autor do livro "Jornalismo Electrónico - Internet e Reconfiguração de Práticas nas Redacções", colocou à disposição em seu blog Travessias Digitais, alguns artigos que escreveu durante esses 10 anos de ciberjornalismo em Portugal. Vale a pena conferir. Bastos é um dos palestrantes das jornadas.

quarta-feira, maio 11, 2005

PELO MUNDO AFORA

Apresentamos abaixo uma seleção de alguns artigos e sites que trazem informações sobre esses últimos dez anos de comunicação digital em Portugal e no mundo. Aceitamos sugestões de outros materiais interessantes!

PORTUGAL

Os media portugueses na internet
http://ciberjornalismo.com/mediaportugueses.htm

25 momentos na história da blogosfera
http://blogo.no.sapo.pt/25momentos/index.htm

BRASIL

Especial Folha Online "Dez anos de internet comercial no Brasil"
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2005/10anosdeinternet/

Especial Estadão de 1o anos de jornalismo online
http://www.estadao.com.br/especial/10anos.htm

Especial 10 anos de JB Online
http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/index.html

Especial UOL 9 anos
http://sobre.uol.com.br/historia/Estados

Os 10 anos da Amazon.com!, por Marcelo Tas
http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=3832


ESTADOS UNIDOS / REINO UNIDO

Yahoo! Netrospective: 10 years, 100 moments of the Web
http://birthday.yahoo.com/netrospective/

Epic 2024
http://www.robinsloan.com/epic/

"Milestones in online journalism"
Colin Meek (16/12/ 2004)
http://www.journalism.co.uk/features/story1183.shtml"

'New News' retrospective: Is online news reaching its potential?"
Nora Paul (24/03/2005)
http://www.ojr.org/ojr/stories/050324paul/

"Online News Pioneers See Lots of Changes in the First 10 Years"
Mark Glaser (09/09/2003)
http://www.ojr.org/ojr/glaser/1062631458.php

"What Newspapers and Their Web Sites Must Do to Survive"
Vin Crosbie (04/03/2004)
http://www.ojr.org/ojr/business/1078349998.php

"Ten years in new media: Looking back, looking forward"
Steve Yelvington (02/04/2004)
http://yelvington.com/item.php?id=404

Cyberjournalist.net: Idéias discutidas por veteranos da web
http://www.cyberjournalist.net/news/001895.php

terça-feira, maio 03, 2005

JORNADAS DOS DEZ ANOS

Completam-se em 2005 dez anos sobre o início do jornalismo digital em Portugal. Os progressos neste período, feitos no quadro do desenvolvimento mais vasto do espaço digital, vieram alterar de forma marcante o panorama informativo e mediático. São enormes as incidências económicas, tecnológicas, políticas e culturais desta mudança.

Ciente da atenção que este processo deve merecer, a Universidade do Minho organiza estas jornadas – “Dez anos de jornalismo digital em Portugal: estado da arte e cenários futuros” – contribuindo assim para uma reflexão alargada sobre o passado e, sobretudo, para o apontar de possíveis pistas de acção futura.

Esta iniciativa procura juntar e colocar em debate profissionais e gestores dos principais grupos de media e docentes universitários e investigadores ligados ao jornalismo digital. Ao mesmo tempo integra a contribuição de peritos internacionais do ramo, capazes de contribuir de forma assertiva para uma contextualização do caso português na cena internacional e para o apontar das tendências que se percebem a curto, médio e longo prazo.

A organização pertence ao grupo de investigação Ciberlab e ao projecto Mediascópio – que se dedica a analisar as tendências no campo da comunicação e dos media em Portugal – integrando ambos o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho.